domingo, 9 de fevereiro de 2014

Pressão Alta na Juventude Eleva Risco de Doença Cardíaca mais Tarde

            

           A hipertensão é um inimigo silencioso. Ela ocorre quando o sangue bombeado do coração para as artérias encontra dificuldades no caminho que percorre pelo organismo. A maioria das vítimas da doença não sente absolutamente nada, o que contribui para que o diagnóstico e o tratamento sejam postergados. Um novo estudo norte-americano indica que o mal tem acometido a população jovem em escalas bem maiores do que se imaginava.

 
             Modelos clínicos atuais levam em conta o nível de pressão arterial a partir da meia idade. Avaliar as mudanças desde cedo pode evitar enfermidades.  
        Jovens de 18 anos que sofrem de pressão alta têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro. A descoberta foi feita em um estudo de longa duração publicado nesta terça-feira no periódico Jama.
        "Modelos atuais levam em conta o nível de pressão arterial somente quando o risco [de doenças cardiovasculares] se manifesta, em geral na meia idade ou mais tarde, e não consideram os potenciais efeitos da pressão sanguínea na juventude ou suas mudanças ao longo da vida", informa o artigo.
          Na pesquisa da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, foram analisados dados de 4.681 jovens com 18 a 25 anos no início do estudo, em 1985 e 1986, que tiveram sua pressão sanguínea medida pelos 25 anos seguintes.
       O epidemiologista e professor assistente em medicina Eric Whitsel, um dos coordenadores da pesquisa, considera o resultado do estudo como uma “tragédia anunciada”. Os pesquisadores examinaram 14 mil homens e mulheres que apresentaram pressão arterial igual ou superior a 14/9. “Verificamos que quase um em cada cinco jovens em nosso país tem pressão alta. Mudanças na dieta, sedentarismo e obesidade têm contribuído para esse aumento. Embora seja um estudo local, sabemos que o mesmo tem ocorrido em diversos locais do mundo”, pondera.
Cinco grupos — Os cientistas identificaram cinco perfis dos participantes: 22% mantiveram a pressão sanguínea baixa ao longo do estudo; 42% mantiveram níveis moderados; 12% começaram com níveis moderados e sofreram uma elevação aos 35 anos, em média; 19% mantiveram a pressão relativamente elevada; 5% tinham pressão alta no começo e índices ainda maiores com o passar dos anos.
A pesquisa mediu como a pressão arterial influenciou o risco de calcificação arterial — depósitos de cálcio podem estreitar as artérias e aumentar o risco de ataque cardíaco. A variação foi de 4% no grupo que manteve a pressão baixa do início ao fim da pesquisa, o menor índice, e 25% no grupo que começou com pressão alta e sofreu ainda mais elevação com o tempo, a maior taxa.
        A hipertensão afeta 24,3% dos brasileiros adultos, segundo o Ministério da Saúde. Avaliar as mudanças na pressão arterial desde a juventude pode ajudar a prevenir doenças cardiovasculares e detectá-las mais cedo. "O estudo revela que não podemos esperar até a meia idade para enfrentar o risco de doença cardíaca. Se evitarmos o aumento da pressão arterial na juventude, podemos reduzir a incidência de ataques do coração e derrames", afirma Norrina Allen, líder do estudo.
      "Em pessoas com pressão alta, uma intervenção precoce no estilo de vida e na prescrição de medicamentos, quando necessária, é importante", afirma Donald Lloyd-Jones, coautor do estudo. "Embora a pressão seja rapidamente reduzida com remédios, os danos causados pela pressão elevada no coração e nos vasos sanguíneos tendem a se manter."
         A pressão alta é uma doença multifatorial e as situações que a desencadeiam estão cada dia mais presentes na vida contemporânea. Dieta inadequada, consumo exagerado de alimentos industrializados e de fast foods, sobrepeso e sedentarismo são as principais. O nefrologista acrescenta que indivíduos com casos de hipertensão na família ou que estão fora do peso ideal e não se exercitam regularmente devem averiguar a pressão de seis em seis meses. “Aqueles que estão fora desse grupo de risco devem medir uma vez ao ano”, indica.

Prof° Ms. Júlio César Azevedo

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