Introdução
Em um passado não muito distante musculação era coisa para homem, as mulheres eram encorajadas a praticarem aula de ginástica localizada, step, alongamentos, hidroginástica entre outras, enquanto isso cada vez mais homens entravam nas salas de musculação. Até que alguns estudos começaram a comprovar os benefícios da musculação para mulheres. O maior medo de muitas mulheres era ficar com o corpo masculino, mais esse mito e fato foi aos poucos sendo deixado para trás e mídia começou a divulgar os efeitos e os benefícios da musculação feminina, fazendo com que as mulheres passassem a ser um grupo crescente nas academias de musculação. Esse fato levantou alguns questionamentos para os estudiosos dessa área, com seria a musculação para as mulheres, da mesma forma que pra homens ou tinha algumas particularidades. Devido a essas questões decidimos escrever este texto sobre o assunto para tentar elucidar algumas dúvidas em relação a esse assunto. Já que é de interesse de todos que trabalhão ou irão trabalhar nessa área.
Diferenças Anatômicas, Fisiológicas e Psicológicas
Homem e mulher diferem em vários aspectos que podem influenciar no momento da prescrição de exercícios e controle das cargas na musculação. Por isso deve-se ter muito cuidado com as comparações feitas entre homens e mulheres, com também na prescrição dos exercícios pra as mulheres.
Composição e Dimensão Corporal
Segundo Guedes (2005), até a puberdade, homens e mulheres não diferem substancialmente em: altura, peso, dimensões ósseas, espessura da pele e circunferência. Para Wilmore e Costill (2001) essa faixa de puberdade e de 12 a 14 anos. Segundo Wilmore e Costill a MIG (massa isenta de gordura) máxima para o sexo feminino geralmente ocorre entre os 15 e 16 anos; para o sexo masculino entre os 18 e 20 anos. A partir daí as diferenças começam a tornarem-se significativas para a prescrição dos exercícios. Segundo Guedes, Souza Junior e Rocha (2008) essas diferenças se da em grande parte, por causa das mudanças endócrinas. Os Hormônios gonadotróficos (hormônio luteinizante folículo estimulante) passam ser secretados pela hipófise anterior, estimulando ovários e testículos. Passando a secretar estrógeno e testosterona, respectivamente. Segundo Guedes (2005) a testosterona aumenta a formação do tecido ósseo e massa muscular, por isso adolescentes do sexo masculino costumam ser maiores e mais musculosos que adolescentes do sexo feminino. Essa característica continua na fase adulta. Para o próprio Guedes (2005) o hormônio estrogênio desenvolve as mamas, alarga a pélvis e aumenta os depósitos de gordura principalmente no quadril e nas coxas (característica ginóide). Isso ocorre pela grande atividade da lipoproteína lípase (LPL) nessas áreas. Essa enzima é responsável pelo controle do estoque de triglicerídeos nos adipócitos (Wilmore e Costill, 1994). Segundo Guedes, Souza Junior e Rocha (2008) o estrogênio promove também o aumento do índice de crescimento ósseo, e por isso as meninas crescem muito rapidamente nos 2 a 4 anos que seguem a puberdade, e em seguida param de crescer. Os meninos continuam crescendo por alguns anos. Isso faz co que os homens possuam ossos maiores e mais pesados, além da estatura maior que as mulheres. Além disso, o acúmulo de gordura nos homens é mais freqüente na região abdominal e no tronco (característica andróide), favorecendo o aumento da gordura visceral. Isso aumenta os riscos de doenças cardiovasculares metabólicas (ACSM, 1997). O estrógeno pode ainda causar retenção hídrica, o que colabora, na mulher com as flutuações do peso corporal durante o ciclo menstrual.
As mulheres possuem ombros mais estreitos, quadril mais largo e diâmetro torácicos menores. Com o envelhecimento, tanto mulheres quanto os homens tendem a acumular gordura e a perder massa corporal isenta de gordura, iniciando esse processo no meado da segunda década de vida. A MIG diminui cerca de 3kg por década. Essa perda está associada aos níveis mais baixos de atividade física e de testosterona. O aumento da gordura corporal total está ligado a um declínio geral de atividade física, sem uma igual redução da ingestão calórica. (Wilmore e Costill, 2001)
Segundo Wilmore e Costill (2001), a diferença média de gordura corporal relativa entre mulheres e homens jovens, com idade entre 18 e 24 anos, é de aproximadamente 6% a 10% (20% a 25% para as mulheres e 13% a 16% para os homens).
Respostas Neuromusculares
Quando falamos em força logo vem a mente a mulher é o sexo frágil, mas quando medido a força absoluta entre homens e mulheres, percebe-se que os homens realmente são mias fortes, especialmente nos membros inferiores. Porém, ao medir a força relativa (força máxima/massa magra e/ou área transversal do músculo), essa diferença praticamente desaparece - sobretudo nos membros inferiores. (Barret e Baechle, 1990).
Excêntrico | Concêntrico | |
Quadríceps | ||
60°/s | 90 | 83 |
90°/s | 102 | 81 |
150°/s | 99 | 77 |
Isquiotibiais | ||
60°/s | 84 | 84 |
90°/s | 90 | 80 |
150°/s | 92 | 81 |
Adaptado de Fleck e Kraemer (1997)
Com isso percebemos que tanto a qualidade com as respostas neurais nos músculos esqueléticos de homens e mulheres são os mesmos. A diferença se faz a nível da hipertrofia muscular, que é superior no sexo masculino, devido as questões hormonais , como o hormônio testosterona (os valores saguíneos são em média, dez vezes maiores em homens do que nas mulheres). Essa condição, provavelmente, justifica as diferenças absolutas em força e hipertrofia muscular. (Weise, Cureton e Thompson, 1983).
A maior igualdade de força muscular entre homens e mulheres nos membros inferiores, provavelmente, dá-se por dois fatores: quantidade maior de massa muscular nessa região e utilização freqüente desse músculo nas tarefas do cotidiano. Destaca-se, ainda, que os níveis séricos de GH (hormônio do crescimento) em repouso são maiores na mulher, e a resposta ao exercício é semelhante em ambos os sexos (Fleck e Kraemer, 1997). Para Wilmore e Costill (2001), essa igualdade de força dá-se devido as mulheres possuírem uma maior MIG abaixo da cintura, quando comparada aos homens, o que indica que elas também têm mais massa muscular nessa região
Segundo Badilio e Ayestarán (2001), as mulheres apresentam adaptações similares aos homens ao treinamento de força. No entanto, em porcentagem, elas podem ter um aumento de força maior e mais rápido que eles. Isso, provavelmente, ocorre em razão dos valores iniciais que geralmente, são menores nas mulheres.
Vale resaltar a composição das fibras musculares que apesar de serem semelhantes para SBME (2000), tanto as fibras do tipo I como as do tipo II são maiores em homens.
Respostas Cardiovasculares
Para a mesma intensidade de esforço, homens e mulheres treinadas possuem um debito cardíaco (produto da freqüência cardíaca e do volume de ejeção) semelhante. Mas, na mulher, isso ocorre, geralmente, em decorrência da maior freqüência cardíaca, pois o volume sistólico costuma ser menor. Isso porque o coração, o ventrículo esquerdo, o volume sanguíneo e as dimensões corporais da mulher são menores, proporcionando, assim, menor débito cardíaco. As mulheres possuíram, também, menos hemoglobina (em virtude de um nível médio de hemoglobina inferior decorrente das menstruações), diminuindo, assim, o transporte de oxigênio (SBME, 2000). Segundo Wilmore e Costill, (2001), está menor quantidade de hemoglobina nas mulheres, faz com que, apresentem menos possibilidade de aumentar a diferença arteriovenosa de oxigênio.
Com relação à potência está é controlada para prover o mesmo nível relativo de exercício, igualmente expresso como uma porcentagem fixa do consumo máximo de oxigênio, a freqüência cardíaca das mulheres ainda é elevada em comparação com os homens (Wilmore e Costill, 2001).
Respostas Respiratórias
As diferenças entre as respostas respiratórias dos homens e das mulheres ao exercício são devidas, em grande parte, às diferenças do tamanho corporal. Ao trabalhar na mesma potência relativa, a diferença da freqüência respiratória entre os sexos é pequena. No entanto, quando consideramos o mesmo débito cardíaco, as mulheres tendem a respirar mais rapidamente do que os homens.
Respostas Metabólicas
O VO2 máx. é visto pela maioria dos cientistas do exercício como o melhor índice de capacidade de resistência de uma pessoa (Wilmore e Costill, 2001).
A diferença de VO2 máx. entre homem e mulher está relacionada à maior massa gorda da mulher em relação ao homem, e, ainda, aos menores níveis de hemoglobina que resultam em menos oxigênio no sangue arterial. Essa diferença é muito menor, ou até se torna insignificante, entre homens e mulheres treinados (Wilmore e Costill, 1994). O menor VO2 máx. e a menor massa magra fazem que a taxa metabólica basal (TMB) sejam menores no sexo feminino, ou seja, a mulher possui metabolismo basal menor que o homem. Isso ocorre em nível populacional. Mulheres treinadas podem possuir VO2 máx. maior que homens não treinados ou, até mesmo, menos treinados. A mulher costuma possuir menos mitocôndrias, e menores, que o homem (Wilmore e Costill, 1994).
Esse fatores, em conjunto, fazem que o desempenho desportivo seja 6% a 15% menor nas mulheres em comparação aos homens, embora a capacidade de adaptação ao treinamento seja semelhante (SBME, 2002).
Proporção Tronco e Membro
Os membros superiores e inferiores da mulher costumam ser mais curtos que os dos homens enquanto o tronco é mais comprido. Isso faz que o centro de gravidade da mulher fique mais próximo ao chão (maior equilíbrio), dificultando qualquer situação que seja necessário deslocar o centro de gravidade, como é o caso dos saltos e das corridas, fundamentos importantes para os esportes coletivos (Guedes, Souza Júnior e Rocha, 2008). Com isso os esportes que exigem equilíbrio, como a ginástica rítmica desportiva (GRD) ou nado sincronizado, facilita o desempenho feminino.
Tendência de Membros em X
Os homens possuem ombros largos e quadril mais estreito, já as mulheres possuem ombros mais estreitos e quadril mais largo. Isso faz que os membros superiores e inferiores, quando estendidos, formem um aspecto de x.
Essa hipermobilidade pode aumentar o risco de lesões nas articulações do cotovelo e joelho, quando solicitados em esforços de alta intensidade. O aumento do ângulo Q nos membros inferiores pode levar a uma tendência de ocorre geno valgo, predispondo ao risco de lesões.

O ângulo Q é o ângulo formado por duas linhas de intersecção da linha puxada do quadríceps e da linha do meio da patela para a tuberosidade da tíbia. Quando esse ângulo é aumentado além do normal, causa a condromalácia patelar (Hamil e Knutzen, 1999).
Fatores Psicológicos
A mulher costuma ter uma personalidade mais ativa que o homem. A monotonia de um treinamento repetitivo ou longos intervalos de descanso afasta o público feminino das salas de musculação, levando-o para a ginástica localizada, na qual o ritmo da música, o grupo e os estímulos variados aumentam a motivação. Por isso, para os programas femininos, os exercícios devem ser diversificados e os intervalos entre as series, reduzidos, tornando o programa mais dinâmico e motivador (Guedes, 2005).
Efeito do Treinamento de Força nas Mulheres
Pesquisas atuais sugerem que o treinamento de força acarreta os mesmos benefícios, senão maiores, nas mulheres em relação aos homens (Fleck e Kaemer, 1997).
As alterações na composição corporal, com aumento da massa magra e diminuição da massa gorda, parecem ser semelhantes entre homens e mulheres, quando submetidos ao treinamento com pesos (Guedes, 2005 apud Morris et al., 1997).
Frente ao treinamento com pesos, o aumento da força costuma ocorrer de forma semelhante em relação ao tempo ou, ainda, mais rápido nas mulheres, lembrando que os ganhos de força no início, do treinamento com pesos ocorrem, predominantemente, em razão dos fatores neurais, e, mais tarde, começa a se destacar a hipertrofia muscular (Fleck e Kraemer, 1997).
Algumas evidências sugerem que ganhos de força em virtude do treinamento com pesos cessam precocemente na mulher, se comparada ao homem, sobretudo nos membros superiores, nos elas possuem menor volume muscular (Hakkinen, 1993).
Nas primeiras fases de treinamento com pesos, homens e mulheres jovens demonstram, de forma semelhante, as adaptações no perfil dos hormônios anabólicos, potencializando um ambiente favorável para a síntese protéica (Guedes, 2005 apud Kraemer, 1998). Essa semelhança não ocorre com o hormônio testosterona visto que existe em maior quantidade no sexo masculino.
Algumas mulheres atingem uma hipertrofia muscular maiores que a maioria, às vezes, aprimorando-se dos níveis alcançados por homens. Isso ocorre razão de:
· Níveis de testosterona, ou GH ou outros hormônios anabólico acima do normal;
· Resposta hormonal ao exercício com pesos acima do padrão considerado normal;
· Relação estrógeno - testosterona abaixo do normal;
· Fatores genéticos que predispõem a maior massa muscular;
· Capacidade de realizar treinamento de maior intensidade (Fleck e Kraemer,1997)
Estética Feminina
O padrão atual de estética exige corpos perfeitos (definidos), com baixo percentual de gordura corporal e músculos aparentes. Por isso, homens e mulheres, nos dias de hoje, dividem por igual às salas de musculação nas academias, os exercícios praticados são os mesmos para ambos, contudo, a preferência e, até mesmo, as necessidades podem ser diferentes entre os sexos. Nas mulheres existem algumas partes do corpo que merecem atenção especial.
Abdômen
Os músculos abdominais incluem o reto abdominal, os oblíquos externos e internos e o transverso. Segundo Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008), o reto abdominal tem origem na sínfise púbica e inserção na cartilagem da quinta, sexta e sétima vértebras. As fibras musculares “correm” em paralelo e são cruzadas por três faixas de tecido conjuntivo. Os lados esquerdo e direito são separados por uma linha de tecido conjuntivo chamada linha Alba.
Segundo Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008), O músculo oblíquo externo localiza-se dos dois lados do reto abdominal. Tem origem nas oito costelas inferiores e insere-se na crista ilíaca e na porção distal da linha Alba. Suas fibras correm diagonalmente quando vistas de frente, formam um V, os oblíquos internos localizam-se imediatamente abaixo dos oblíquos externos e, quando visto de frente, formam um V invertido em relação aos oblíquos externos. O oblíquo interno origina-se na fáscia lombar, crista ilíaca, e porção externa do ligamento inguinal. Sua inserção ocorre na oitava, nona e décima costela e na linha Alba.
Os músculos abdominais são responsáveis pela flexão, rotação e flexão lateral do tronco.
Para contrair todos os músculos do abdômen, o ideal é realizar uma flexão de tronco de forma concentrada e com amplitude de aproximadamente 45° (Carnaval, 2001).
O ideal para as mulheres com hiperlordose é exercício de abdominal com as pernas flexionadas (deixando os flexores de quadril em desvantagem mecânica), e realizando uma retroversão pélvica, contraindo a musculatura glútea e o transverso do abdômen (empurrar a coluna lombar contra o solo) (Delavier, 2000)
Segundo Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008), nas mulheres proeminência na região abdominal pode ocorrer graça a dois fatores:
- Gordura localizada;
- Pitose ou protusão abdominal. (baixo percentual de gordura corporal, região abdominal proeminente).
A protusão abdominal ocorre em razão da fraqueza da parede abdominal, deslocando os órgãos internos para frente e para baixo (Guedes, Souza Júnior e Rocha 2008).
Essa postura, geralmente, acompanha o aumento da lordose lombar. Para corrigir esse desvio postural, os músculos glúteos e abdominais devem ser fortalecidos, enquanto a musculatura lombar e flexores de quadril (iliopsoas), que estão encurtados devem ser alongados, mas também devem ser fortalecidos. (Guedes, 2005).
Ao escolher os exercícios de alongamento para o iliopsoas, devem ser considerados exercícios que não aumentam a lordose lombar, o que aumentaria a tensão nessa região. (Achour, 1999).
Segundo Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008), apesar do abdominal ser um músculo de manutenção da postura e, portanto, resistente a fadiga, não há necessidade de realizar repetições muito elevadas. Como qualquer outro músculo, para fortalecer e hipertrofiá-lo, devem-se realizar o exercício com pesos. Realizar em trono de 3 a 5 séries, entre 12 a 20 repetições. Quanto à freqüência semanal, pode ser executado diariamente, porém 2 a 3 vezes por semana são suficientes.
Quanto ao uso ou não de aparelhos para realização dos exercícios abdominais cabe ao avaliador decidir qual o melhor para cada indivíduo, existem vários estudos que ressaltam a diferenças entre eles não vamos discuti-los nesse momento. Mas o importante é perceber na avaliação qual o melhor exercício para cada um independente de usar ou não aparelhos.
Tríceps
Esse músculo que fica localizado na parte posterior do braço, também merece atenção especial para o público feminino, conhecido entre as mulheres com músculo do “tchau”, em mulheres sedentárias costumam apresentar gordura localizada e hipotonia muscular. Para melhoria de sua aparência, aconselham-se exercícios de hipertrofia. Segundo Hamill e Knutzen (1999) esses músculos são responsáveis pela extensão dos entebraços, que ocorre na articulação do cotovelo.
Esse músculo é chamado de tríceps, por que se divide em três: porção lateral, medial e longa. Para Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008) vale salientar que a mulher possui um aumento no ângulo de carregamento, tendendo a uma acentuada posição em valgo.
Com isso um maior risco de lesões, por isso ao prescrever exercícios para o tríceps feminino deve-se ter atenção especial evitando assim os exercícios que favoreçam o aumento desse valguismo.
Peitoral
Chamado popurlamente como seio (região entre as duas mamas), depende de três fatores: nutrição, exercício, postura.
As mamas constituem-se, sobretudo, de tecido gorduroso. Essa localização da gordura na mulher relaciona-se com a gordura sexual específica. O tamanho das mamas está intimamente relacionado a quantidade de gordura nessa região. Portanto, torna-se impossível aumentar o tamanho das mamas por meio dos exercícios. Percebe-se, então, o papel fundamental de uma nutrição adequada, sem excessos, para que não aumente a quantidade de gordura nessa região, o que prejudica a estética das mamas (Guedes, Souza Júnior e Rocha, 2008).
Quanto a postura, o aumento da gordura nas mamas torna-os mais pesados, projetando-os para baixo. Geralmente, os ombros projetam-se para baixo e para frente (protusão), aumenta a cifose cervical, as escápulas abduzem e, ás vezes, a barriga torna-se proeminente (compensação). Essa mudança na postura prejudica a estética não só das mamas. Para corrigir a postura e melhorar a estética, é fundamental o equilíbrio dos músculos do tronco. Isso ocorre por meio do desenvolvimento harmonioso de força e flexibilidade (Enoka, 2000).
Por tanto ao prescrever exercícios para o tórax feminino deve-se levar em consideração todas essas possíveis ocorrências em relação às mamas e a maioria dos exercícios devem ser corretivos para uma melhoria da postura e estética feminina. Preocupando-se não só com a parte frontal mais também com a parte posterior do tronco utilizando o principio do equilíbrio muscular.
Coxas e Glúteos
Com certeza, a principal preocupação do público feminino com relação a estética é com os membros inferiores. Quem nuca se deparou com essa situação, a aluna ao chegar à academia deseja exercitar apena pernas, coxas e glúteos. Cabe ao professor explicar a aluna à importância dos exercícios para outras partes do corpo não só para manter uma simetria perfeita com também a preocupação com a saúde e uma boa postura. Segundo Guedes, Souza Júnior e Rocha (2008) Essa preocupação justifica-se pela característica ginóide da mulher e o acúmulo da gordura localizada na região das coxas e dos glúteos, além do aparecimento indesejável da celulite.
Não que os exercícios para essa região irão diminuir a gordura localiza e celulite, mas a hipertrofia da mesma com certeza contribuirá para uma melhor aparência. Por tanto prescrever exercícios para essa região do corpo não é uma tarefa das mais simples devido a grande quantidade de músculos nessa região, o importante é que o avaliador conheça os músculo dessa região para prescrever de forma segura.
Ciclo Menstrual, Exercício e Tríade da Mulher Atleta
Esse é um tema muito discutível em relação a exercício físico pouco tem demonstrado conhecimento nessa área. Mas se estamos falando de exercício para mulher não podemos nos esquecer de uma fase tão importante de suas vidas e que todos os meses acontecem como profissionais da saúde temos que ter conhecimento para poder lidar com essa situação.
O exercício físico, inclusive o resistido, pode causar irregularidades no ciclo menstrual. Isso ocorre em razão das alterações no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, que inibe a liberação do hormônio folículo-estimulante pela hipófise anterior (Robergs e Roberts, 2002). As irregularidades mais comuns são amenorréias atléticas e oligomenorréia (Robergs e Roberts, 2002). A amenorréia consiste na ausência de menstruação. Já a oligomenorréia é caracterizada por ciclos menstruais mais prolongados que o normal.
No entanto, em 1992 o ASCM começou a direcionar um a série de estudos, publicados em 1997, um parecer sobre uma síndrome que abrange atletas adolescentes e adultas do sexo feminino. Esta síndrome recebeu o nome de “tríade da mulher atleta”, que se caracteriza por: distúrbio alimentar, amenorréia, osteoporose.
Para evitar essa síndrome, os profissionais envolvidos com treinamento feminino deve ter conhecimento sobre essa situação, pois, só dessa forma poderá prescrever um treinamento adequado.
Ciclo Menstrual e Exercícios
A influência do ciclo menstrual no rendimento esportivo parece obedecer a um caráter individual, ou seja, algumas atletas podem ter seu rendimento esportivo prejudicado, sobretudo na fase pré-menstrual, em virtude do desconforto de seus sintomas, e o melhor rendimento seria no período pós-mestrual, em razão do efeito hormonal. No entanto, destacam-se bons resultados e até obtenção de medalhas em todas as fases do ciclo menstrual (Fleck e Kraemer, 1997). Dibrizzo Fort e Brow (1998), relatam que a força isocinética é igual em três fases distintas do ciclo menstrual em mulheres com menstruação normal. Considera-se que, durante a fase lútea (pós-mestrual), o aumento na concentração dos hormônios estrógeno e progesterona aumentaria o rendimento esportivo. No entanto, o efeito antagônico da progesterona que aumentaria o rendimento não acontece (Robergs e Roberts, 2002).
Com isso O profissional que prescrever atividade física para mulheres deve programar o treinamento com base nesse conhecimento e dar preferência aos exercícios mais intensos para a fase pós-mestrual e durante o período pré-menstrual programar um treino regenerativo. Precisa-se de mais estudos para que possamos tirar conclusões mais abrangentes.
Musculação e Gravidez
Em relação e gravidez e exercício houve uma grande evolução durante todos esses anos já se chegou a proibir exercício para gestantes, hoje é do senso comum que a atividade física trás inúmeros benefícios para as gestantes, embora alguns profissionais da área de saúde que não tem buscado informações sobre o assunto insistem em proibir essa prática.
Quando indicada a prática regular de atividade, moderada, controlada e orientada, pode-se produzir efeitos benéficos sobre a saúde da gestante e do feto (Batista et al, 2003).
Recomendações Para o Exercício na Gravidez e no Parto
- Exercício regular pelo menos três vezes na semana, e preferivelmente atividade intermitente;
- A duração das atividades aeróbicas deve ser de 30 min. Ou mais,
- A intensidade deve ser igual ou inferior a 50% da frequência cardíaca;
- Evitar exercícios na posição supinada após o primeiro trimestre;
- Evitar contrações isométricas;
- Hidrata-se durante os exercícios. (ACSM, 2003)
Benefícios da Atividade Física para Gestantes
· Manutenção da aptidão física e da saúde;
· Diminuição dos sintomas da gravidez;
· Melhor controle ponderal;
· Diminuição da tensão no parto;
· Recuperação pós-parto mais rápida;
· Prevenção de lombalgias;
· Maior reserva de energia;
· Menor ganho de peso durante a gestação (ACSM, 2003)
Referencias Bibliográficas
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BARRET, H. J; BAECHLE, T. Strenght training for female athletes: a review of selected aspects. Sports Medicine, 1990.
BATISTA, D. C. et al. Atividade física e gestação: saúde da gestante não atleta e crescimento fetal. Revista Brasileira de Saúde e Maternidade Infantil. V.3, N. 2, 2003
CARNAVAL, P. E. Cinesiologia da musculação. Rio de Janeiro: Sprint,2001.
DELAVIER, Frederic. Guia dos movimentos de musculação: abordagem anatômica.
São Paulo: Manole, 2000.
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HAKKINEN, K. Muscle fibre and force production characteristics during. Eur. J. Appl. Physiol, 1993.
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